A Joana faz a diferença na vida de cada criança que tem ao seu cuidado.
Meninas e meninos maltratados, abandonados ou negligenciados são acolhidos, com carácter de urgência, no Centro de Acolhimento Temporário (CAT) de Lamego, enviados por decisão do tribunal. Alguns permanecem muito tempo até atingirem os 12 anos de idade. Uma missão “desafiante e, ao mesmo tempo, desgastante” que tenta construir um lar onde as suas crianças podem, juntas, ser felizes e partilhar uma vivência comum. “Queremos fazer a diferença. O que mais me preocupa é o seu bem-estar e criar-lhes memórias felizes, para que um dia não encarem isto como uma passagem negativa nas suas vidas”, explica Joana Trindade, diretora técnica do CAT, de 34 anos.
O lar é o porto de abrigo onde os membros de cada família anseiam estar juntos, onde se alimentam de afetos e encontram o conforto do acolhimento. No fundo, ser um refúgio, calmo e sereno, com que podem sempre contar. A Joana trabalha todos os dias em prol deste objetivo.
A tentativa de dar a cada menino, um equilíbrio físico e emocional não é imune a que sinta, por vezes, alguma frustração, por “nem sempre o que consideramos ser melhor é o que acontece às crianças quando saem daqui. A última palavra é do Tribunal”. “Com o passar dos anos, comecei a arranjar estratégias para conseguir lidar melhor com este sentimento”, confessa. A sua missão no CAT também tem, no entanto, momentos felizes, quando “uma criança fica bem entregue à sua família biológica ou à nova família adotante”.
Casada e mãe de dois filhos, Joana Trindade não se imagina a trabalhar longe do CAT de Lamego, instituição onde teve a primeira experiência profissional. Apesar de ainda ser uma jovem, a ligação umbilical que a une a esta resposta social é antiga. Começou cedo, ainda como voluntária, quando estudava na Escola Secundária Latino Coelho por “gostar de crianças e de ajudar pessoas” e continuou mais tarde depois de concluir a licenciatura em “Serviço Social”. “Desde cedo, sempre quis fazer a diferença na vida de alguém. Agora, tentamos ser a família que elas não têm”, remata.