O que salta primeiro à vista é o brilho nos olhos que se torna ainda mais intenso quando fala das jovens que tem ao seu cuidado. Sobretudo do “aconchego de mãe” com que tenta confortá-las numa altura em que estas menores vivem a adolescência e começam a vir ao de cima alguns problemas de relacionamento como as mudanças emocionais e o desenvolvimento da sexualidade.
Auxiliar de ação educativa, Manuela Osório trabalha na Casa de Acolhimento da Santa Casa da Misericórdia de Lamego que alberga jovens do sexo feminino, a partir dos 12 anos, retiradas do seio familiar por decisão judicial, devido à negligência parental ou à exposição a comportamentos de risco. “Estão numa fase difícil e precisam de conselhos e carinho. Necessitam muito de compreensão e que alguém as ouça”, explica esta colaboradora que mantém um vínculo profissional com esta Santa Casa desde há dezoito anos.
A conversa com Manuela remete sempre para os afetos, as emoções, a auto-estima, de quem vive naquelas quatro paredes, numa grande casa branca sobranceira à cidade de Lamego.
Leva muito a sério a missão de zelar pelo bem-estar e equilíbrio biopsicossocial das menores que estão à guarda da instituição. Ajuda nas atividades escolares, acompanha nas saídas, orienta algumas tarefas domésticas e conversam. Sobretudo conversam muito, sobre temas que suscitam o interesse das jovens que, desde muito novas, se viram desprovidas de uma estrutura familiar estável. “Apegamo-nos muito e fazemos de mãe para elas”.
Manuela Osório (56 anos) já tem para trás um longo percurso de trabalho que ganhou tração nas principais valências da Misericórdia de Lamego, desde o apoio à primeira infância até à terceira idade. Mas afirma que não largaria por nada as “suas meninas”: “Gosto de trabalhar na Casa de Acolhimento. Costumo dizer que vou ser a mobília velha desta Santa Casa”.