Todas as manhãs, o coração de Maria José enche-se de amor e esperança. Ao atravessar o portão do Centro de Acolhimento Temporário (CAT) de Lamego, as crianças recebem-na sempre com um sorriso rasgado e um brilho nos olhos, gritando “Mizé, Mizé!!”, apertando, ao mesmo tempo, o pescoço com os braços pequeninos. Esta alegria é como um raio de sol que ilumina os seus dias.
Maria José Jesus Brilhante desempenha uma função muito especial: é auxiliar de serviços gerais numa instituição que tem a responsabilidade de acolher crianças maltratadas, abandonadas ou negligenciadas. Num mundo perfeito, não há lugares assim.
Nesta casa, as funcionárias dedicam-se a cuidar e a educar as crianças como elas realmente precisam e merecem. “Fazemos o papel de mães. Damos amor, carinho e afeto. Os mais pequeninos, muitas vezes, pedem colo e, à noite, quando vamos aconchegá-los à cama pedem para darmos um beijo de boas-noites. Somos uma família dentro destas quatro paredes”, conta.
A experiência de Maria José ao serviço dos outros é longa. Antes de ingressar na Santa Casa da Misericórdia, há mais de uma década, trabalhou 16 anos noutra instituição de solidariedade social da cidade de Lamego. Quem a conhece, elogia sobretudo a sua paciência e ternura, quando procura satisfazer as necessidades básicas dos mais pequenos, como a ajuda na hora das refeições ou do banho.
O amor de uma criança é maior do que tudo e a sua felicidade é a razão de todo o seu esforço:“Gosto muito de todos, mas digo-lhes que prefiro vê-los felizes na companhia dos pais. Custa-me vê-los partir quando são adotados ou regressam à família, mas ao mesmo tempo fico muito contente”, recorda emocionada.